Friday, December 22, 2006

Bicho de sete cabeças, uma critica à pisiquiatria, ou uma crítica "histórica" à sociedade que construimos??

Que sociedade construimos?
Parece que toda a estrutura psicológica do homem vem sendo moldada, através dos séculos pelo processo histórico que de alguma forma limita a ação deste homem em seu meio, ou em alguns casos derruba velhos limites, como por exemplo, os acontecimentos históricos que marcaram o século XVI. Sabemos que foi neste século que surgiram as primeiras contestações racionais a respeito das escrituras sagradas. A reforma protestante marcou uma ruptura interna, abalando toda a base dogmática da Igreja cristã. A teoria geocêntrica de Ptolomeu que era atestada pela Igreja católica, não mais se enquadra nos cálculos dos astrônomos daquela época. Copérnico através de novos cálculos chega à uma nova estrutura planetária onde a Terra passa a ser um simples astro que gira em torno do Sol, e não o contrário. Já no alvorecer do século XVII, Galileu conseque confirmar a teoria Copernicana com o auxílio do telescópio. E por esta atitude é condenado à morte pela santa inquisição. Ou seja muitos dogmas religiosos que determinavam a vida do homem até aquele momento estavam sendo questionados por cientistas. Surge o embate entre a Igreja e a ciência que se torna determinante na vida do homem a partir de então. Neste processo o homem passa a ser responsável por seus próprios atos.
A partir deste momento o homem passou a temer por seu destino, pois este não era mais uma vontade divina. De certa forma o homem fica um tanto desamparado sem aquela figura Divina que o conduzia . Surge então os conflitos internos ( ou seja os conflitos que eram travados dentro da própria mente do homem) que viriam a se intensificar no decorrer dos séculos seguintes até os dias de hoje. Vários pensadores vieram a desenvolver teorias a respeito destes conflitos da mente humana. Somente no século XX surgem as primeiras teorias no intuito de resolver tais conflitos, dentre estas, a psicanálise desenvolvida por Sigmund Freud.


Bicho de sete cabeças
Com o advento da psiquiatria no intuito de tratar as doenças da mente, surge também o preconceito em relação ao paciente que se submete a tal tratamento. No filme "Bicho de sete cabeças" de Laís Bodansky vemos um rapaz que sofre preconceito após deixar um hospital psiquiátrico, onde estava internado, por desejo dos pais. O circulo social que antes aceitava este jovem como uma membro comum, depois da internação passa a rejeita-lo, por se tratar de um "lunático". É nítido a linha anti-psiquiátrica que o filme adotafazendo uma crítica mordaz a esse tipo de instituição. No hospital psiquiatrico este jovem é submetido a um traamento um tanto ortodoxo, que chegara ao extremo de de ser submetido à uma sessão de elétro- choque. Para muitos este filme parece anacrônico, pois era geralmente na idade média que tratamentos que implicavam em dor para o doente mental eram praticados. Em pleno século XXI ( período em que se passa o filme ) não existiria tal procedimento. Porém o grande mérito deste filme é mostrar que em pleno século XXI Ainda nos encontramos perdidos em meio à tantas convenções humanas que influenciam nossa conduta social. Por exemplo: até que ponto é ilícito fumar maconha e não é ilícito fumar cigarro. O que sempre determinou isto foi uma simples questão legislativa do Estado. Tal lei proíbe o uso de tal produto que causa tanto mal quanto um produto similar que não há nenhuma proibição.
Vemos que o rapaz foi internado à força depois que o pai achou um cigarro de maconha na roupa deste, no entanto a própria mãe do rapaz é uma fumante compulsiva. Um personagem que retrata melhor a crítica de Bodansky é o médico que dirige o hospital, pois este é dependente de medicamentos que usa em conjunto com álcool. Talvez Bodansky tenha extremizado o enredo desta obra, mas tinha , a meu ver, um fim nobre, que era denunciar a nossa hipocrisia em relação a todo o comportamento dos indivíduos que nos rodeiam. Se não temos parâmetros racionais para definir o que é uma droga que implica em prejuízos para a saúde do indivíduo e o que é um remédio ou um simples controlador de euforia como são muitas vezes considerados o álcool e o cigarro, também não temos tais parâmetros para dizer quem é louco e quem é normal

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